Porquê certificar uma casa pela norma Passive House?

19-04-2025

Por vezes leio comentários como:
"Em Portugal constrói-se bem, porque precisamos de certificar?"
"Segues todos os standards e não pagas pela certificação. Simples."
"O que paga é a casa ser bem construída. Se tem um "selo" Passive House, é secundário."
A resposta está no rigor do processo de certificação, que exige comprovar, através de evidências, cada detalhe, material e sistema, garantindo qualidade e eficiência.
Situações comuns com que me tenho deparado em projecto ou em obra, e que só foram evitadas e corrigidos devido ao processo de certificação:
• Janelas mal instaladas– Falhas na vedação e afinação podem originar perdas térmicas significativas e, com o tempo, levar a patologias como infiltrações e bolores;
• Frestas na envolvente exterior– Um erro invisível durante a obra, no assentamento das alvenarias ou na ligação de diferentes materiais, pode resultar em problemas graves, como humidade e degradação dos materiais;
• Substituição inadequada de materiais– Por vezes, os empreiteiros sugerem alternativas aos materiais especificados em projecto. A certificação exige verificação técnica para garantir o mesmo desempenho. Nem sempre as fichas técnicas dos materiais propostos são equivalentes;
• Pontes térmicas– Especialmente nas ligações entre paredes e vãos, podem provocar diferenças de temperatura superficiais que levam à condensação, comprometendo o conforto e a durabilidade da construção. Igualmente em corpos balançados e varandas, aqui com perdas térmicas que podem causar até 25% das perdas de energia. Já imaginou um piso radiante em contacto directo com uma varanda?;
• Substituição inadequada de sistemas técnicos– Também as alternativas propostas para sistemas como AQS e climatização, sem a verificação de todas as suas características e adequação ao projeto específico, podem comprometer a eficiência energética;
• Sistemas de ventilação mal instalados– Erros na execução podem afetar a qualidade do ar interior. A certificação assegura e exige um correto comissionamento, caudais de ar adequados e a utilização de filtros apropriados para garantir eficiência energética e qualidade do ar;
• Painéis solares mal posicionados– Ângulos de instalação incorretos reduzem a eficiência energética comprometendo o retorno do investimento;
• E muito mais.
E o "poder" do "blower door test" no processo de Certificação que estabelece um vínculo de rigor. O melhor aliado do dono de obra durante a fase de construção.
A certificação Passive House não é um custo adicional.
É uma optimização de custos e benefícios – um investimento na qualidade, no conforto e na longevidade do edifício, garantindo um retorno através de uma elevada eficiência energética.
"You can't manage what you don't measure." – Peter Ferdinand Drucker